domingo, 3 de abril de 2011

ANTONIO MARCELO FALA SOBRE TEATRO CEARENSE

Antonio Marcelo Carneiro, ator e diretor de teatro. Mas é como autor que ele se destaca. Aqui um papo descontraido com o autor de Uma Noite Quase Vazia, espetáculo premiado pelo Grupo Balaio, como destaque de 2010. Antonio Marcelo fala sobre sua trajetória artistica e se mostra entusiasmado com o Teatro, mas cada vez mais desencantado com aqueles que se aventurasm pelo teatro. "Para mim, o teatro continua lindo, mágico. Eu perdi o encanto foi com as pessoas. Como gente é difícil! Como gente é chata. Nesses anos todos Antonio Marcelo trabalhou com muitas pessoas, foram vários espetáculos. E sem papas na língua, ele nos revela bastidores nem sempre satisfatórios. COMO VOCÊ PERCEBE HOJE O TEATRO? O teatro continua lindo, mágico. Chatas são as pessoas que a gente precisar conviver durante uma montagem. Talvez no Sul, esta frase não tenha efeito, ou talvez não seja compreendida. Mas fazer teatro em uma cidade como Fortaleza tem se tornado cada vez mais difícil. As pessoas aqui são difíceis, a vaidade se sobressai a inteligência. O que eu quero dizer com isso, é que aqui no Ceará são raras as pessoas que se sacrificam em nome de um espetáculo. Elas querem mais brilhar do que mesmo serem merecedoras de tal brilho. VOCÊ SE REFERE AOS ATORES? Sim. Vejo eles mais como pessoas de teatro do que mesmo como atores. Atores estão a cumprir seu papel. O Grupo Quimeras de Teatro é um Grupo pobre, mas tem permanecido em cena. E por ser um grupo pobre, me parece que as pessoas relaxam e fincam a preguiça como resposta a qualquer boicote. Entre esquetes e espetáculo lá se vão vinte e uma estréia. Isto sim, foi louvável. Grupos ricos da cidade talvez não tenham produzido tanto, com excessão do Balaio e da Comédia Cearense, que são ou foram os grandes titãs do cenário artistico do Ceará por muitas décadas. Então quando as pessoas de teatro vão trabalhar com esses grupos e outros mais, elas valorizam mais, elas se engajam mais. Mas isso em nome do vislumbramento. Porque o teatro, o compromisso que deve ser dedicado a ele, poderia ser indiferente a isso. Acho louvável, a Kátia Camila, que é uma atriz de peso, e como ela gosta de teatro, ela trabalhar com o mesmo desempenho em um Grupo do primeiro time ou do quinto. Kátia é uma atriz à serviço do teatro. QUAL A FORMAÇÃO DO QUIMERAS? Quando o grupo , eu como idealizador imaginava que ele deveria funcionar como um teatro escola. Sempre trabalhei com pessoas iniciantes, pessoas que estavam chegando no teatro. E isso gerou um preconceito, em relação ao Quimeras, ou em relação a mim mesmo. Ainda hoje me questiono isso. O ser humano em si, em sua essência submunda, não tem a capacidade de entender o ponderável. O Quimeras surgiu como um abre alas para os iniciantes de teatro. E isso poderia ter sido visto com bons olhos, mas não foi, nunca foi. Há uma gente ralé que me virou a cara, e só por serem ralé é que elas fizeram isso. ou fazem. Isso me lembra um festival de teatro da prefeitura de Fortaleza. Acho que foi em 2005 ou 2006. Não tem importância isso. O fato é que uma das pessoas que particpava da organizaçao me disse: Ah, Antonio Marcelo, a tua peça passou no festival. mas depois ela foi retirada porque poderia ser uma peça gay. O espetáculo foi AMIGOS PARA SEMPRE. Um texto sensivel, que fala sobre amizade, sobre saudade, infância. A peça nao abordava homossexualismo. Mas isso só confirma o que a gente sabe sobre essa gente que compõe júri na cultura cearense. MAS NÃO É ISSO QUE TEM SE VISTO NA CENA ATUAL? Bom, as minhas primeiras peças elas traziam essa abordagem. Eu gostava desse assunto. Acho que havia muita coisa a ser dita. Eu não fiz peças com essa abordagem de uma forma caricata, nem grotesca. Ao abordar esse assunto, nos primeiros anos do grupo, eu fiz com filosofia, sociologia, e pricipalmente com argumentos necessários. Uma vez me disseram que estava repetitiva a minha abordagem... e que talvez eu não me daria bem escrevendo outro gênero. Mas é que eu escrevi sete textos com a mesma abordagem... foram peças que eu batizei como SENTENÇA DA SEXUALIDADE. Mas enfim. deselegante não foi ter sido boicotado no festival da prefeitura de Fortaleza. Deselegante são essas pessoas que na falta da sensibilidade falam bobagens. Porque se isso aconteceu, o ideal é que ela não me dissessse. VOCÊ NÃO FAZ MAIS PEÇAS COM ESSA ABORDAGEM? Sempre que eu termino um trabalho, eu tenho a sensação que eu não disse tudo. Que falta ainda eu dizer o que não consegui agora. É como se eu estivesse sempre por acabar uma tarefa. As minha peças, elas não se encerram ao fechar a cortina. E hoje, a temática evitada no festival de teatro de fortaleza, tem invadido a cidade. outras pessoas tem feito isso. Mas não sou indicado a falar. Entram ai outros parametros que não sou eu a julgar. Acho que lugar de ator é no palco. Bom, por exemplo, o Silverio Pereira tem abordado insistemente em seus espetáculo o homossexualismo. Ai, as pessoas entram em defesa dele, e dizem; É a linha de trabalho dele. Claro que é. Mas eu interrogo: E quando eu fazia, era o que? Porque fiz Sem Licença para Amar, Victória Capuleto, O beco, que tinha isso como pano de fundo tambem. Depois, No Escurinho do Cinema, tambem havia isso sutilmente. E eu desagradei. Pessoas detratavam meu trabalho antes de assistir.Mas enfim, fui sobrevivendo, continuando e continuo. As cortinas se fecharam para muitos dos meus detratores. Alias, se fecharam para todos eles. Não sei que caminho seguiram. E eu bem ou mal, boicotado ou não, PERMANEÇO no palco. E O TEATRO CEARENSE VIVE CRISE? O teatro cearense agoniza. rsrr. Agoniza. Mas nunca vi coisa mais resistente do que artistas quando resolvem teimar. Lamento profundamente, o Balaio não está mais atuante. O Balaio deixou com sua ausência na cena teatral, um grande vazio. E muita gente que MOOORRRIIIIAAAAA DE INVEJA adorou o fim do Balaio. porque com a saida do Balaio do circuito, o teatro sem nexo que essas pessoas invejosas fazem elas passam a ter alguma referencia. Coisa que não acontecia antes. Era do Balaio de fato e direito o monopólio. Mas foi o Balaio de Marcelo Costa, o Grupo de teatro que que sacudiu esssa cidade. Antes foi a Comédia Cearense. Estou falando da atualidade, porque sabemos que "o presente é devedor do passado". E POR QUE UM GRUPO COMO O BALAIO CHEGA AO FIM? Marcelo Costa se ausentou. E a ausência dele quebrou a base do Grupo. Porque era ele quem comandava tudo. E as pessoas que ficaram não se atenaram para isso. Não se atenaram para o legado que estavam recebendo. Até porque nao vejo o fechamento do Ibeu como o motivo do fim do Grupo, ou melhor do Grupo não está em cena. As pessoas que faziam parte do grupo tinham dinheiro, e poderiam ter dado continuidade. Mas enfim, o Balaio foi tambem rejeitado em um festival da prefeitura de fortaleza, uma senhora que estava no juri, me confessou que fez o possivel para a peça do Balaio ser classificada. Mas o restante do juri condenou a peça. O argumento foi que as produçoes do Balaio pareciam coisas de Hollywood. Então fica essa interrogação sobre essa gente que compõe o teatro cearense e que dita as regras. SEU ESPETÁCULO GANHOU DESTAQUE DO ANO DE 201O. COMO VOCÊ RECEBE ISSO? Bom, primeiro eu precisei provar que nunca estive a caça de premio. Juro que no fundo, nunca bateu aquela inveja que vejo estampada na cara dos meus colegas de profissão. Eu sou muito simples. E timido. Ter que subi no palco para receber o premio me deixa intimidado. Eu sou um cara humilde, Só fazer teatro para mim, ja está bom. Mas claro, esse premio é um reconhecimento dos meus quinze anos voltados para o teatro. E nesses anos todos, eu poderia ter rendido mais, ter construido mais. Mas fiz o teatro que pude fazer. E no dia 03 de Maio, irei receber sim, esse Prêmo, e sou grato a premiação. Essa premiação acontece há vinte e cinco anos. E é uma iniciativa merecedora de aplausos. Nenhuma premiaçao durou tanto em Fortaleza, e é uma iniciativa privada que merecia apoio de orgãos governamentais. O caratér desse prêmio é confraternizar os artistas que estão em evidência. Mas sempre que alguem não ganha, faz uma campanha difamatória contra a premiação. Coisas de uma Fortaleza mal construida politicamente, socialmente e culturalmente. Temos uma Fortaleza escrita com F de fudida. F de Fraca e sem uma representação abrilhantada. QUEM É QUEM NO TEATRO CEARENSE? RICARDO GUILHERME - Um homem Culto MARCELO COSTA - O teatrólogo Maior. COMÉDIA CEARENSE - Sinônimo de continuidade. ATORES - Quixadá Cavalcante, Jorge Ritch, Ricardo Guilherme, Castro Segundo, Luiz Carlos Pedrosa, Cicero Medeiros, e outros meninos que deveriam levar o teatro a sério. ATRIZES - São Muitas. Kátia Camila, Cristianne de Lavor, Martha Vasconcelos, Ceronha Pontes. Denise Costa, Solange Teixeira. E Outras, omissões são inevitáveis. DIRETORES - marcelo Costa dá brilho a uma montagem teatral. Tom Dantas tambem dirige bem, Augusto Abreu; AUTORES - Marcelo Costa, Ricardo Guilherme, Caio Quinderê, Wellington Roccon, Fernando Lira e eu... (Vou me incluir nessa lista).

KATIA CAMILA ENCARNA AURÉLIA EM UMA NOITE QUASE VAZIA

Kátia Camila entra no elenco de Uma Noite Quase, e já nos primeiros ensaios, a atriz mostra que realmente é uma das atrizes que pode ser escrever na listra das grandes atrizes brasileiras. Kátia Camila sobe no palco com força, com determinação e um dom interpretativo que causa entusiasmo a qualquer ator e atriz que contracene com ela. A atriz é sempre brilhante. No palco ela pode tudo. Ela faz performance proibidas a muitas de suas colegas de profissão. Uma atriz que respalda qalquer espetáculo. Ela abrilhanta qualquer montagem. Esta é a terceira vez que Kátia Camila é dirigida por mim (Antonio Marcelo). E ela mesmo assim é surpreendente. Uma Noite Quase Vazia teve uma série de problemas. Cada tentativa de montar houve um desgaste. A peça deveria ter estreiado em outubro de 2.000. Sete anos depois, em 2007, tenta se uma nova montagem. Mas como eu precisei viajar, sair da cidade por algum tempo. A peça foi abortada, mas uma vez. Em 2010, toca-se elenco e a peça é reensaiada e foi aos palcos aos troncos e barrancos. A saída da atriz principal dá um atraso nas apresentações. A peça passa a ser reensaiada, tendo agora no elenco. Esta atriz que no inicio é falada. Estou ansioso para uma nova temporada. Estou com fome do palco, estou com saudade de ver esta peça em cena. Mas contudo, a peça recebeu 11 indicações do Grupo Balaio para destaques do ano. Tendo no Elenco a veterena Patricia Bastos, que segundos seus fãs, ela faz a sua melhor atuação. O jornalista Alexandre Lima diz que ela esteve correta em sua atuação. A participação especialissima de Glaucia Alencar, que protagonizou tambem de Antonio Marcelo, O Beco, há treze anos, é uma grata surpresa. Rommel Costa, vive o conflituoso Afonsinho, enquanto Levi adonai dá vida ao marginal que vive perigosamente pelas ruas. Seu personagem tem cenas tórridas de sexo com a mulher que rejeita o marido por achar que sexo é pecado. Samuel Moura viveu irmão Messias, um evangélico que não anda na casa de quem peca. A sua oratória é convicente, e ele em seu ato de solidariedade à personagem central, é injustamente expulso da casa da mesma. Bibi Mesquita, sua rara apresentação no espetaculo apimenta o enredo colocando em cheque até onde pode ir a maldade alheia. Sua personagem, Antonia, vem ser solidária a Aurélia quando uma tragédia acontece, mas tambem é expulsa e humilhada. Bibi Mesquita é uma doce surpresa, uma interpretação singela leva a atriz as graças do público. Eu, enquanto autor nunca me incomodei em trabalhar com iniciantes, mas agora isso parece me incomodar, no teatro cearense tem faltado iniciantes compromissados. Mas o elenco desse espetáculo agora me agrada. Samuel Moura foi substituido por Flavinho Nascimento, e o personagem Olavo que foi interpretado inicialmente pelo estreante Rubens Ventura, será agora vivido por Emidio Tavares. A sonoplastia de Ewa Blayne, que é filha de Patricia Bastos, agradou a platéia. O cenário Gentilmente cedido pelo Joao Marcos, proprietário e designer da PUFFARIA, também abrilhantou nossa montagem. Agora é aguardar uma nova temporada. ter ganho destaque de espetaculo do ano, enche nossos olhos de luz... por que sabemos como é dificil se fazer arte nesse pais. E nesse nordeste parece que há mesmo um choque cultural.