quinta-feira, 13 de março de 2008

Dr. Qorpo em Tantas Criaturas

Fui ao teatro dragão do mar, rever o espetáculo "DR. QORPO". Grupo Imagens nascido da idealização de Edosn Cândido. O teatro ao longo dos anos tem resistido ao apelo popular, tem se mantido graças aos esforços daqueles que se determinam pela magia do palco. Eu havia assistido "DR. QORPO" em janeiro ou fevereiro de 2007. O espetáculo estava em inicio de carreira, dali em diante as apresentações se sucederam. Naquele primeiro momento o elenco contava com nove atores. Nessa segunda versão conta com quatro atores. E confesso, houve a curiosidade em saber como estava esse novo processo.

É indiscutível a magia teatral, o encantamento diante os refletores acesos quando quatro atores interpretam o criador e suas criaturas. O texto tem força, tem poesia, tem o verbo de Edson Cândido, tem a paixão de Dr. Qorpo quando lutou e definhou em favor de sua arte.... precisaria uma reparação da minha palavra ao dizer definhar.... digamos que socialmente sim, ele definhou, mas artisticamente ele é herói de si mesmo, de suas crenças, de sua palavra jamais ilesa a emoção. O homem, Dr. Qorpo, pede justiça acima de tudo na iserção de ser possivel julgar somente pelo bom senso comum. A sociedade de hoje não se diferencia muito daquela provincia que não comprendeu o feitio artistico de seu homem maior, talvez. Dr. Qorpo em seu tempo era um homem a frente do seu proprio tempo, e isto é afirmado quando se diz que em uma provincia de aletrados, tudo se espera de um homem de letras... A peça traz sim, uma reflexão, uma história contada na versão dos vencidos e dos vencedores. A justiça, as leis interditam o homem, mas dentro de sua força emblemática Dr. Qorpo, sabe que ele não foi interditado, porque sua fé, sua crença em seus mitos era mais forte do que a lei dos peregrinos que se afogam em preces.

A sensibilidade de Edson Cândido traz aos palcos a comovente história desse homem preso em incompreensões sociais e humans. E isto é feito historicamente dentro de uma pesquisa que sublinha a delicadeza de mãos e mentes que parecem e se tornam elementos incitadores de razões e emoções pelos quais passam toda a humanidade. Temos muitas vezes nossos sonhos rompidos na dialética do inenarrável até por nós mesmos, mas este espetáculo em sua intrínseca humanidade nos convida, nos alerta a uma versão que deve ser contada - a versão nossa de cada dia, de cada coisa que somos e representamos. Por isso somos artistas, por isso somos seres transformadores de pensamentos.

Dr. Qorpo ganha vida, ganha admiração, ganha platéia, e com certeza ganhará festivais e prêmios por ser teatro vivo, por ser o teatro da palavra que eu tanto admiro. Teatro, eu vejo, é palavra, é sentir e nem sempre toque. E quem é Dr. Qorpo? Um representante legitimo do sopro, da coisa inacabada porque sua vertente não tem fim, não cessa... Vejo Dr. Qorpo, e não ignoro a arte arrebatada de mãos artesanais que tecem o fio do exercício da representação.

As duas versões:

Na primeira versão. Nove atores, impossivel eu esquecer os momentos mágicos de alguns, e o acerto de outros....

Na segunda versão: Três atores e uma atriz causam a mesma sensação para uma platéia atenta... para mim, é claro, não vou mentir para mim mesmo, eu senti falta dos outros atores, mas isso não minimiza a grandeza do espetáculo. Porque Dr. Qorpo é vida e não morte.

E finalizo com essas palavras que achei gigantescas:" Interpretem minhas peças, não falem de minha morte. Eu sou vida e não sou morte."

Aplausos grupo imagens....
by
Antônio Marcelo teatrologo cearense

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